sábado, 13 de fevereiro de 2010

POESIA



Tarde de verão
PRISCILLA FERREIRA
Era linda. Linda de nome e de corpo. Andava pelo calçadão da praia, sempre distraída, cantarolando a música preferida que não toca mais na rádio. Invejava os casais que se sentavam nos banquinhos para ver o mar. Ah! O mar... Que sensação boa olhar o azul e ter os cabelos assanhados pelo vento. Não era segredo que pensava em seguir carreira de bióloga marinha. Mergulhar nas profundezas do oceano, descobrindo mistérios e tesouros era o seu sonho infantil. Não se imaginava fazendo outra coisa. Perdida em pensamentos, não notou quem a seguia. Um vira-lata balançava o rabo acompanhando o balanço dos seus quadris. O acompanhante acelerou as passadas e surgiu em sua frente. Ela o olhou e se lembrou de Dodi, o cão que possuía quando pequena. Ele havia morrido quando ela tinha sete anos. Se abaixando, ergueu a mão em direção à cabeça do animal e o afagou carinhosamente. Já eram cinco e meia da tarde e precisava ir para casa. Se despediu então do recém-amigo e continuou sua caminhada. Era linda... Linda de nome e de alma. Alma sublime como as ondas do mar.

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