quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ARTIGO

Geriatria e prevenção de doenças

Entre os vários ramos da medicina, temos a medicina geriátrica, que foca o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas, devendo-se ainda diferenciar do termo gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em si.

Até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. Pelo menos segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Daí o alerta ao governo brasileiro para a necessidade de se criar, o mais rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para esta realidade. Embora seja importante frisar, que Brasília foi a primeira localidade a criar uma Subsecretaria para Assuntos do Idoso, além de instituir o Estatuto do Idoso.

Em relação a Pernambuco, verifica-se que o Recife é a terceira capital do Brasil em números relativos de idosos. De acordo com a cronologia considera-se idoso o indivíduo que tem 60 anos de idade ou mais em países em desenvolvimento, já em países desenvolvidos quem tem 65 anos de idade ou mais. E em relação aos mais idosos aqueles que possuem 80/85 anos de idade ou mais.


PONTOS DE VISTA

O envelhecimento pode ser explicado de forma simplista sendo o processo pelo qual o jovem se transforma em idoso ou do ponto de vista biológico em que ocorrem fenômenos que levam á redução da capacidade de adaptação decorrentes de sobrecargas funcionais. Um outro ponto importante é diferenciar o termo Senescência (envelhecimento normal) de Senilidade (envelhecimento patológico). Podemos afirmar que o envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social que atinge o ser humano na plenitude de sua existência, modificando sua relação com o tempo, com o mundo e com sua própria história.

A modificação da relação do idoso com o tempo se caracteriza por um encurtamento do futuro. O relacionamento do idoso com o mundo se caracteriza pelas dificuldades adaptativas, tanto emocionais quanto fisiológicas. No relacionamento com sua história o idoso pode atribuir novos significados a fatos antigos através da experiência de vida adquirida.

A geriatria objetiva, a manutenção da Saúde em idades avançadas, a funcionalidade, prevenção de doenças bem como a sua detecção e tratamento precoce, o máximo grau de independência do idoso, cuidado e apoio durante doenças terminais, além de tratamentos seguros.
A IDADE ACONSELHADA PARA QUE ALGUÉM PROCURE UM GERIATRA É AOS 30 ANOS.

Em relação ao médico geriatra é importante que se diga que existem poucos cursos em nosso país, sendo a maioria no eixo Sul e Sudeste. Portanto, há um hiato negativo nas demais regiões, o que gera uma situação de penúria, no trato destes idosos, implicando na necessidade urgente de uma política adequada por parte dos Governos (Federal, Estadual e Municipal), tendo em vista a falta de pelo menos 5.000 geriatras no país. “Quanto mais envelhecemos, mais precisamos de ter o que fazer. Mais vale morrer do que arrastarmos na ociosidade de uma velhice insípida: trabalhar é viver.” VOLTAIRE.
José Tenório de Cerqueira Filho - Médico infectologista e geriatra.

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PSF – você sabe o que é isso?



Para os que não sabem o que é, e para os que pensam que sabem, gostaria de mostrar a todos a realidade que existe nesse trabalho na área da saúde. Atualmente o PSF (Programa de Saúde da Família) não se denomina mais dessa forma. Hoje o termo utilizado é Estratégia de Saúde da Família e isso se deu em reconhecimento à sua relevância e importância para a saúde pública brasileira. Ou seja, essa estratégia é considerada uma parte impor-tante de uma grande articulação internacional onde além do Brasil se encontram Portugal, Canadá, Inglaterra e Alemanha, para definir uma porta de entrada para o sistema público, para que aconteça de forma organizada e com responsabilidade, contrapondo a um modelo defendido por algumas pessoas e que já fora adotado no Brasil na época no INAPS, lembram? De clínicas com especialistas onde as pessoas tinham que se deslocar na madrugada da comunidade e se amontoarem em filas quilométricas atrás de ficha. Tendo então uma equipe multiprofissional capaz de entender e organizar essa demanda, o funcionamento se dará mais organizado para todos. E dá resultado? Dá sim. O primeiro é político, se a saúde vai bem todos vão bem, isso é importante para trabalhadores (as) e pacientes, apesar de que algumas pessoas acharem que as coisas nunca devem estar bem.

Dá em números também, vejam só: Até 2009 tínhamos um total de Equipes de Saúde da Família implantadas de 30.328 em 5.251 municípios com uma cobertura populacional de 50,7%, o que corresponde a cerca de 96,1 milhões de pessoas e se agregam aqui também 234.767 Agentes Comunitários de Saúde e 18.982 Equipes de Saúde Bucal implantadas. Equipes essas que fazem parte da atenção básica que em 2003, realizou 1 bilhão de procedimentos e 251 milhões de exames laboratoriais. O que causou uma queda na mortalidade infantil em 50%, um aumento do percentual das mulheres que fazem o pré-natal nos três primeiros meses, passou de 62,4%, em 2000 para 77,1% em 2006 e trouxe uma diminuição das internações hospitalares por diarreias e infecções respiratórias agudas além de prover o cuidado para os hipertensos, diabéticos, portadores de tuberculose, hanseníase e outras doenças crônica e agudas. Numa pesquisa realizada e divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em março de 2011, foi observado que entre os serviços públicos de saúde avaliados, 80,7% dos entrevistados que tiveram seu domicílio visitado por algum membro da ESF opinaram satisfatoriamente, dizendo que o atendimento prestado é “muito bom” ou “bom”.


Dá em reconhecimento: Para a Organização Mundial da Saúde através de um relatório em 2009, o consultor Win Van Lerberghe, elogiou a ESF, com reconhecimento honroso, e recomendou a sua adoção como ação bem-sucedida na área da saúde pública. Temos alguns problemas na ESF? Temos! Mas são os mesmos para todas as estâncias do SUS, por exemplo, problemas com estrutura física, exames, maus profissionais e outros, mais não cabe usar os trabalhadores com bodes expiatórios ou parceiros inertes de uma grande farsa da saúde. Apesar de todos esses frutos, estamos conscientes que tudo precisa melhorar inclusive um entendimento sobre o que é o PSF para que as críticas e elogios sejam feitas com responsabilidade e não afetem a dignidade de quem estar ali trabalhando, se mostrando como os verdadeiros gênios da saúde. Ótimo é ser atendidos por essas pessoas tão especiais! Já mostrou a pesquisa do IPEA!!!


*Carlos Eduardo Melo - Médico da USF Alto do Pascoal/Recife e supervisor da residência médica em Medicina de Família e Comunidade da UPE (Universidade de Pernambuco).









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